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NOTA 6,0 Zoando dois grandes sucessos do terror teen da época, longa aproveita outras tantas referências e extrapola os limites da escatologia e nonsense |
Completando o time de aloprados temos Shannon Elizabeth e Lochlyn Munro como o casal de namorados Buffy Gilmore e Greg Phillipe e Regina Hall interpretando a insuportável e tagarela Brenda Meeks. Seu desfecho é de fazer qualquer um vibrar de alegria, ou melhor, seu suposto fim trágico já que a personagem é ressuscitada em outros filmes da franquia. Não é spoiler dizer que ela é assassinada afinal o que o público-alvo quer ver são mortes e quanto mais bizarras melhor. Os irmãos Marlon e Shawn Wayans, que interpretam respectivamente Short Meeks, o chapadão da turma, e Ray Wilkins, que está sempre levantando suspeitas quanto a sua sexualidade, também assinam o roteiro em parceria com Buddy Johnson, Phil Beauman, Aaron Seltzer e Jason Friedberg. São muitas cabeças para pensar em tanta bobagem, não é? De fato, a julgar pelo tanto de piadas desconexas e referências a filmes e elementos da cultura pop em evidência na época, parece mesmo que boa parte das cenas foram escritas individualmente e de forma aleatória e depois alinhavadas ao argumento principal. Matrix, A Bruxa de Blair, O Sexto Sentido e até os premiados Titanic e Shakespeare Apaixonado são algumas das fitas de certa forma homenageadas. Acreditando que todo o mundo consome avidamente ou à força a cultura ianque, não a toa a maioria dos personagens são batizados para de alguma forma nos lembrar de algum filme, série de TV ou ator teen em evidência naqueles tempos, algumas piadas hoje já não surtem o efeito esperado. Por exemplo, Drew Decker, a jovem que se torna a primeira vítima do psicopata, é interpretada pela siliconada e gostosona Carmen Electra que estava em alta com o sucesso do seriado "S.O.S. Malibu". Mesmo em fuga, sua personagem dá um jeitinho de sensualizar em frente as câmeras só de lingerie como se estivesse correndo na praia tal qual fazia em quase todos os episódios. No contexto anárquico da produção a cena ainda diverte, mas dificilmente alguém hoje consegue fazer a conexão entre as referências.
Apesar da premissa indicar uma sátira ao estilo de Corra Que a Polícia Vem Aí, que tirava um sarro das fitas de agentes secretos e duplas dinâmicas da polícia, infelizmente Todo Mundo em Pânico apresenta um humor bastante aquém do esperado. Se os primeiros 20 ou 30 minutos empolgam pela oportunidade de identificarmos elementos e referências pertencentes as fitas de terror que serviram de base ao roteiro, o tempo restante é dedicado a uma sucessão de gags absurdas e a maioria explorando a escatologia visando arrancar gargalhadas de adolescentes que competem com os personagens para ver quem fala mais palavrões e solta mais puns. Se até então muitas pessoas achavam o cúmulo da baixaria a cena emblemática de Quem Vai Ficar Com Mary? na qual a personagem de Cameron Diaz usava por engano esperma no lugar de gel de cabelo, aqui temos para roubar o trono literalmente um banho de sêmen para levar a parceira às alturas. Isso sem falar na aparição de um pênis de verdade em uma sequência que recria com riqueza de detalhes a cena inicial de Pânico 2, mais uma grande fonte de inspiração para o roteiro. O diretor Keenen Ivory Wayans manda às favas o bom senso e coloca seu elenco, inclusive seus irmãos, para pagarem os mais inacreditáveis micos em uma receita com gastos mínimos e alto lucro. No final das contas o longa rendeu quase nove vezes mais que o valor de seu paupérrimo orçamento e deu o pontapé inicial para uma franquia de fonte inesgotável. Ou quase isso. Quatro continuações foram lançadas, praticamente independentes uma das outras. Não importa se fulano morreu em uma das partes e depois ressuscitado. Está no DNA da produção o descompromisso com qualquer lógica. O negócio é dar um intervalo de dois a quatro anos entre os filmes e aproveitar para zoar os sucessos desses períodos e avacalhar com a imagem das personalidades que deram algum vexame, que o diga Tom Cruise cuja exagerada participação no programa de Oprah Winfrey parece ter sido a razão de existir de um dos capítulos. Como tudo que é demais enjoa, a própria franquia ocupou-se de levar a fórmula para o limbo com seus exageros e repetições, além de que outras produções caça-níqueis calcadas em sátiras feitas a toque de caixa como Espartalhões e Os Vampiros Que Se Mordam aceleraram o processo de decadência. Todavia, não se espante se novos filmes da série venham a ser lançados. Material sempre irá existir.
Comédia - 91 min - 2000
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